Iniciando meus trabalhos e estudos, uma das minhas maiores dúvidas está sendo sobre qual certificação fazer este ano. Este texto faz parte do meu estudo sobre as certificações e aproveito para deixar aqui o que aprendi e as impressões que tive para quem mais se interessar pelo assunto.
Existem várias certificações com várias finalidades. Existem as obrigatórias para exercer alguma função e as de distinção, que seriam uma forma de atestar a qualidade e o conhecimento do profissional. Entre as obrigatórias existem as CPAs (10 e 20), a Ancord, CNPI, e a CGA. As de distinção ou diferenciação são a CFA, CFP, CEA, entre outras. Posso ter esquecido algumas, mas minha intenção aqui não é esgotar o assunto.
Vou fazer um pequeno resumo sobre estas certificações e um breve comentário pessoal baseado nas minhas necessidades (estudo e auto-realização). Portanto, cada um deve analisar e decidir por conta própria baseado em sua própria necessidade, e não na minha opinião completamente enviesada.
CPA 10 e CPA 20 (Certificação Profissional Anbima – Séries 10 e 20): São aplicadas pela Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) e são destinadas a profissionais que “desempenham atividades de comercialização e distribuição de produtos de investimento diretamente junto ao público investidor, inclusive em agências bancárias ou Plataformas de Atendimento“. A diferença entre a 10 e a 20 é que a 20 é destinada a quem atua com investidores qualificados, segmentos private, corporate e investidores institucionais.
O que é a Certificação Profissional Anbima série 10 – CPA-10?
Minha opinião: Eu fiz a CPA 10 e pretendia fazer a 20 antes de me desiludir com o trabalho no banco. Minha primeira “opção” quando resolvi fazer algumas certificações foi a 20. Mas, o pensamento não durou mais do que alguns milésimos de segundo por alguns motivos. Primeiro, apesar da cpa 20 exigir algum conhecimento interessante, ela é bastante focada em fundos. Por motivos óbvios, já que bancos querem vender cotas de fundos e não gerir o dinheiro de ninguém. Segundo, o nível dos aprovados é baixíssimo, e o conhecimento exigido é muito superficial. Esta seria uma opção para quem trabalha na área E/OU é muito leigo. Qualquer um com o mínimo de estudo de finanças é aprovado nestas certificações sem esforço, talvez, no máximo, com alguma atenção a tributação, a classificação e diferença entre os fundos e alguns índices.
Ancord: Esta certificação é exigida para quem trabalha como agente autônomo, tanto associado a uma corretora como por conta própria. O agente autônomo tem entre suas funções a captação de clientes, recebimento e registro de ordens e informar sobre produtos e serviços das corretoras. É aplicada pela Associação Nacional das Corretoras e Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários, Câmbio e Mercadorias – Ancord.
Minha opinião: Quando ainda trabalhava no banco cheguei a cogitar fazer esta prova e tentar a sorte no mercado. Mas repensei e percebi que minha falta de habilidade com vendas ia ser fatal. E, no final das contas, um dos motivos de sair do banco era justamente não querer vender para ninguém o que eu não compraria para mim. Além disso, o agente autônomo não pode dar recomendações de produtos, administrar carteiras ou atuar em nome do cliente. Hoje em dia não me interessa nem um pouco pela carreira, muito menos pela certificação.
CNPI (Certificado Nacional do Profissional de Investimento): A entidade credenciadora é a Apimec. É necessária para analistas de valores mobiliários profissionais. Conforme o site escreve: “De uma maneira geral, os participantes deste programa possuem, ou pretendem desenvolver, experiência profissional nas seguintes áreas: Administração de Recursos; Consultoria; Análise e Pesquisa Financeira; Investment Banking; Finanças Corporativas; Administração de Riquezas; Relações com Investidores; Vendas e Operações nos Mercados Financeiros e de Capitais. A certificação está dividida em três categorias: CNPI para o analista fundamentalista, CNPI-T para o analista técnico e CNPI-P para o analista pleno (fundamentalista e técnico). Para obtenção da certificação o profissional deve ser aprovado nos seguintes exames: CB – Conteúdo Brasileiro – fase comum para o analista fundamentalista, técnico e pleno. CG1 – Conteúdo Global 1 – fase para o analista fundamentalista. CT1 – Conteúdo Técnico 1 – fase para o analista técnico.”
Minha opinião: é uma das minhas preferidas como meta final por ser voltada aos analistas que emitem relatórios. Teoricamente exigiria bastante conhecimento de análise de investimentos, o que é meu foco para depois da quitação das dívidas. Ainda não vi desvantagens nela, incluindo a parte de ser dividida em duas: uma com foco em análise fundamentalista, e outra em análise técnica. Como não sou fã da última, posso me preparar para a fundamentalista com mais empenho. Mas, ainda assim, pretendo me forçar a rever e fixar pelo menos os fundamentos da análise técnica. Não quero ficar preso a somente uma visão de investimentos, deliberadamente diminuindo as ferramentas a minha disposição. Destaco a parte onde diz que a certificação é voltada a quem quer se desenvolver em análise e pesquisa financeira e venda e operações no mercado financeiro e de capitais. Até o momento é uma das que mais me atrai e grande candidata a certificação da meta de 2015.
CGA (Certificação de Gestores ANBIMA): Outra certificação da Anbima, é voltada para gestores de recursos de terceiros. Segundo o site “São considerados gestores profissionais de recursos de terceiros, os Profissionais que atuam na gestão de carteira de títulos e valores mobiliários e que têm alçada/poder discricionário de investimento (compra e venda) dos ativos integrantes da referida carteira.”
Minha opinião: Também não é algo que me atraia como profissão. Porém, ao ler o conteúdo fiquei impressionado. É exigido um conhecimento amplo em várias matérias que já estudo, além de outras que ainda não consegui iniciar. Apesar disso, as matérias são mais focadas que as da CFP, por exemplo, já que são todas voltadas para investimento. Acho que ela seria uma ótima medida de “especialização”, enquanto a CFP funcionaria como uma medida de conhecimento “generalista” e macro. Talvez utilize as duas em conjunto. Só não será escolhida pois demandaria uma dedicação e estudo que este ano com certeza eu não conseguiria cumprir. Mas provavelmente será candidata para 2016 ou 2017.
CEA (Certificação de Especialista em Investimentos Anbima): Mais uma das certificações da Anbima. “Se destina a certificar Profissionais das Instituições Participantes que assessoram os gerentes de contas de investidores pessoas físicas em seu planejamento de investimentos, podendo indicar produtos dos mercados financeiro, de capitais e de previdência complementar aberta, disponíveis em sua instituição.”
Minha opinião: O conteúdo programático é interessante, mas acho que sofre do mesmo mal que as CPAs 10 e 20: ser voltada para vendas. Seria interessante como certificação de “entrada”, ou seja, como aquecimento e recomeço dos estudos voltados a finanças. Não sei qual o nível de exigência da prova, pode ser que eu esteja desdenhando e seja uma certificação mais difícil do que eu imagino. É bem generalista como as CPAs, envolvendo outros “produtos” de bancos como previdência complementar. Fiquei com a impressão que é uma CPA-20 mais crescida. O único problema de começar por ela é a exigência de já possuir uma das CPAs. A minha 10 provavelmente já venceu, então eu teria que fazer as duas certificações, e o custo não compensaria.
CFP (Certified Financial Planner): Certificação do Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros (IBCPF). Conforme o site: “O planejador financeiro Certified Financial Planner é um multiespecialista, com visão estratégica e conhecimentos de administração de investimentos, gerenciamento de riscos, previdência complementar, seguros, planejamento financeiro, fiscal e sucessório. O profissional CFP® atua como um consultor, que avalia os objetivos, expectativas e necessidades de cada cliente visando desenvolver, apresentar e executar estratégias de planejamento financeiro adequadas ao perfil do cliente. Por ser multiespecialista, este profissional pode atuar como autônomo ou empregado de grupos financeiros, seguradoras, entidades de previdência complementar e demais áreas do planejamento financeiro pessoal.”
Minha opinião: Apesar de ser muito voltada a private bankers, coisa que quero distância de ser, a ideia de estudar além dos investimentos, sobre a gestão do patrimônio em si, me atrai muito. As principais desvantagens desta são a exigência de experiência (na época eu poderia forçar a barra já que trabalhava numa agência de atendimento alta renda, hoje em dia estou longe disso), a falta de um guia de estudo com indicação de livros (os cursos custam muito, prefiro estudar por conta própria), e o preço salgado da certificação.
CFA (Chartered Financial Analyst): Certificação de responsabilidade do CFA Institute. “É uma designação equivalente a um título de pós-graduação não acadêmico na área financeira. O programa está dividido em três níveis: Nível I = conhecimento e compreensão dos conceitos e ferramentas básicas de análise de investimentos. Nível II = aplicação e análise voltados para avaliação de ativos. Nível III = síntese e avaliação das necessidades do cliente e pontos importantes na gestão de carteiras.”
O que é a certificação financeira CFA (Chartered Financial Analyst)?
Minha opinião: Se as anteriores já separavam os homens dos meninos, esta aqui separa os “caras” entre os homens. Exige experiência de 4 anos, o que pode ser um problema, e muitos a consideram quase como um MBA. De fato, os cursos oferecidos tem em média 100h de duração para o primeiro módulo, e 120h para o segundo (são três). Pelo que pesquisei, não existe preparação para o terceiro módulo no Brasil. O preço dos cursos e da certificação também é bem alto. Quando pesquisei, o preço estava em 825,00…dólares. E para completar o pacote a certificação e o curso são totalmente em inglês. Este eu tentaria como um último desafio. Mas não vou sequer cogitá-lo agora.
E o que vocês acham? Algum de vocês tem alguma certificação?
Muito bom amigo, me ajudou bastante…CNPI aí vou eu!!!
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Glauco,
Que bom que ajudei. Conte um pouco mais sobre isso.
Boa sorte!
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Boa Tarde
Você fez CFP?
Poderia informar qual material utilizou para estudo?
Algum conselho para quem vai iniciar os estudos?
Já possuo o CPA10, agora busco CFP.
Muito Obrigado
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Bruno,
Ainda não fiz a CFP. Está nos meus planos. O Edgar Abreu lançou uma apostila grátis para CFP. Ainda não tive tempo de avaliar o conteúdo, mas acho que já pode ser usada ao menos como base.
Se tiver alguma sugestão ou novidade eu atualizo o post ou o comentário.
Um abraço
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Olá IC, boa noite!
Obrigado pelo texto, foi de grande ajuda. Atualmente, curso faculdade de engenharia de produção e ingressei no mercado há aproximadamente 1 ano e 7 meses em uma empresa de consultoria financeira. Desde então vim estudando sobre diversos conteúdos, recentemente, com enfoque em investimentos e tentando entender a visão macro do mercado financeiro. Inclusive, acabei de aceitar uma oportunidade de estágio em um fundo de investimento com foco em renda variável e Bonds no Brasil e América Latina.
Gostaria de saber se você teria uma indicação seja de cursos e/ou certificações que me ajudariam a entender o mercado como um todo e me qualificar como um profissional de mercado financeiro. Inclusive pela minha formação não estar sendo em economia, tenho um pequeno deficit em relação a compreensões gerais de mercado financeiro.
Meu principal foco no momento é aprender e absorver todo conteúdo e conhecimento que eu puder.
Agradeço desde já,
Bruno.
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IC, agradeço os esclarecimentos! Obrigado pela gentileza no atendimento! Acho que vou continuar dando as minhas aula. Kkkkkkk! Esse mercado é muito seletivo e elitizado! Não é para qualquer um! Abraços
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Igor,
Realmente, tirando as funções de vendas, todas as outras possuem esse tipo de barreira onde ou você precisa de experiência para exercer, mas precisa exercer para ganhar experiência.
Mas não desanime, continue com suas aulas e tente paralelamente alcançar este objetivo.
Que bom que consegui te ajudar.
Um abraço
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Boa noite, IC!
Texto bastante esclarecedor. Parabéns! Pela leitura, a impressão que fica é que algumas certificações se sobrepõem ou sao se completam, pois são parecidas. Não sou formado em exatas, nao trabalho em banco, nem em corretora. Sou professor universitário, mas gosto de estudar sobre investimentos, tanto da renda fixa como da renda variável, para fazer a gestao da minha própria carteira. Fiz leituras de livros, acompanho fóruns e análises, o que me deixa seguro para conversar sobre o assunto, inclusive orientar colegas quando solicitado . Não faço indicações de investimentos, nem administro carteira de terceiros, mas gosto da ideia, como atividade de complementação de renda. Em um cenário hipotético, para fazer consultoria de investimentos, uma espécie de personal dos investimentos, atendimento pessoal e personalizado, na casa do cliente, analisando investimento x perfil do cliente, qual seria a certificação que legitimaria essa atividade?
Abraços e parabéns por manter ativo o fórum, mesmo diante de um post mais antigo, mas ainda atual.
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Igor,
Obrigado pela contribuição!
Parabéns pela iniciativa de estudar por conta própria para cuidar de seus investimentos! Infelizmente, não podemos confiar nos profissionais que deveriam nos auxiliar e ter nossos interesses em vista. Mas, isso é assunto para outro momento.
Enfim, quanto a sua dúvida, acredito que seria a CFP que legitimaria essa função. Porém, ela tem uma exigência de tempo de experiência que, mesmo tendo enviado vários e-mails perguntando, ninguém me responde como pode ser comprovado.
Um abraço!
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IC, boa noite!
Obrigado pela resposta.
Pelo o que entendi a licença não é obrigatória para o caso que apresentei acima, que seria uma atividade de consultoria de investimentos. A obrigatoriedade, segundo o site da Planejar, é apenas para os profissionais que atuam no segmento de private banking dos bancos afiliados à ANBIMA. Achei que a certificação CNPI fosse o suficiente para legitimar a atividade.
Abraços
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Igor,
Pelo que entendo, a CNPI é para quem produz análises de valores mobiliários para terceiros. Não sei se incluiria a consultoria da forma que você expôs.
Desculpe se acabei me equivocando, respondi sem consultar a legislação pertinente e posso ter cometido um engano, inclusive na explicação acima também.
Vou pesquisar e retorno com a informação melhor qualificada.
Um abraço!
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Igor,
Essa é uma questão complexa. A Instrução 592/2017 da CVM estabelece alguns critérios, inclusive a aprovação em exame de certificação. Eu li o site do Planejar, e onde fala sobre a Carreira, inclui “Os profissionais CFP® atuam em diversas áreas, desde empresas de planejamento financeiro, de consultoria de investimento, multi family offices, bancos e demais instituições financeiras.”. Ou seja, inclui a consultoria.
No site da APIMEC também encontrei:
“De uma maneira geral, os participantes deste programa possuem, ou pretendem desenvolver, experiência profissional nas seguintes áreas:
Administração de Recursos
Consultoria
Análise e Pesquisa Financeira
Investment Banking
Finanças Corporativas
Administração de Riquezas
Relações com Investidores
Vendas e Operações nos Mercados Financeiros e de Capitais ”
Acho que a questão mais crítica seria sobre a experiência profissional. Uma das exigências da ICVM 592 é o preenchimento de um formulário de informações, que incluem a experiência profissional. Na mesma instrução, no §2 do art. 3º, sobre a dispensa de necessidade de curso superior e certificação, são listados casos que não são considerados como experiência profissional, que são os seguintes:
“I – a atuação como investidor;
II – a prestação de serviços de forma não remunerada;
III – a realização de estágio, e
IV – a atuação como agente autônomo de investimento.”
Espero que tenha ajudado a esclarecer a questão, qualquer coisa estou à disposição.
Um abraço!
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Boa noite! Fiquei confuso, não com a sua explicação, mas com as instruções regulatórias. Veja, você destacou a Instrução CVM 592 como documento oficial que regula a atividade de consultor de valores imobiliários, neste caso habilitado pela CFP. Tal documento exige experiência. Entretanto, no site da Apimec, é possível perceber que a certificação CNPI permite, dentre outras funções , a consultoria de investimentos (você citou as atribuições). Na pagina da Apimec diz que o documento que regula essa certificação é a Instrução CVM 598, que revoga a anterior ICVM 483. Pela CVM 598 não há necessidade de comprovação de experiência. E agora? RS…
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Igor,
A icvm 592 regula a atividade de consultor, já a 598 a de analista, por isso quem faz a CNPI é regulado pela 598 pois a atividade principal é de analista.
Pode ver que no início das duas instruções elas definem quais atividades que cada função exerce.
Qualquer outra dúvida estou a disposição!
Um abraço
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Olá IC,
Tenho como objetivo me tornar um investidor qualificado par ater acesso a alguns fundos/BDRs que não tenho hoje. Qual certificação você acredita que teria melhor custo-beneficio, focando exclusivamente para este objetivo?
Abraço,
Dimitri
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Dimitri,
Vou consultar a legislação com calma. Em uma consulta rápida vi que gestores são considerados IQ quando administrando a própria carteira, entre outros casos.
Com isso, pode ser que a CGA seja suficiente.
Vou pesquisar com calma e retorno.
Um abraço!
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Dimitri,
Procurei a definição de investidor qualificado, e segundo a ICVM 409/2004, investidor qualificado é, entre outros: “pessoas físicas ou jurídicas que possuam investimentos financeiros em valor superior a R$ 300.000,00 (trezentos mil reais) e que, adicionalmente, atestem por escrito sua condição de investidor qualificado mediante termo próprio […]; administradores de carteira e consultores de valores mobiliários autorizados pela CVM, em relação a seus recursos próprios;”
Ou seja, para conseguir a condição de IQ através de certificação, acredito que as duas melhores seriam a CNPI e a CFP que são, conforme respondi ao Igor agora a pouco, as formas de conseguir exercer a função de consultor. Sinceramente, não sei dizer qual das duas teria o melhor “custo-benefício” neste caso. Depende muito do que você consideraria como custo e como benefício, entre outros fatores. Ambas parecem interessantes no sentido de abrir um leque de oportunidades profissionais, além do acesso a fundos e ativos mobiliários para investidores qualificados.
Espero ter ajudado! Conte-nos sua experiência assim que puder!
Um abraço!
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